Pois é. Tão bom. Depois de ter passado os últimos dias de férias em mudanças, bem me vão saber estes 4 dias.
De papo para o ar, agarrada ao comando da tv. Era bom não era? Pois, mas não. Disso já não temos.
É pena, mas não, não temos. Pode acontecer. É certo que aconteça até, mas não com a mesma regularidade/frequência que eu desejava.
Vamos ter muito disto.
De qualquer das formas vai ser bom. Fazer bolos, sobremesas. Comer os bolos e as sobremesas. Assar castanhas. Comer castanhas. Passear. Sentar e olhar para nada. Ver filmes, séries. Ler. Brincar com a miúda. Namorar com o marido. E mais uma série de coisas que surjam, ou então nem metade disto eu faço.
E depois a parte menos doce da coisa: ouvir muitas birras a dizer “NÃO QUERO”, OU “MAS EU QUERO”. Isto provavelmente vai acontecer de hora a hora. Faz parte. Ás tantas a pessoa habitua-se.
Pois então que venha o fim de semana. Estou pronta para o receber.
Decidi ir viver para o campo. Longe da confusão. Certo. Uma aldeia pequenina, certo. Que não tem nada. Certo.
Mas perto de tudo. No distrito de Lisboa. A poucos km (8, vá 10 no máximo) de outras cidades, com centros comerciais e lojas, e hipermercados e essas coisas todas.
Portanto, como é que é possível não haver nenhum hipermercado e/ou loja online de entrega em casa, que faça ali entregas??? Como é que isto é possível no ano de 2016??? E não estamos a falar de uma aldeia no interior de Portugal (sendo que nem nesses casos, é admissível que tal coisa continue a acontecer). Estamos a falar dos “arredores de Lisboa”.
Ora não faria mais sentido, ser precisamente nestes sítios, onde as pessoas não conseguem ter acesso a tudo, que estas entregas deveriam existir mais? Será que estes senhores ainda acham que por ali só vivem velhos, que não querem saber destas “modernices”? Ficará assim tão mais cara a deslocação?
Não sei. Por acaso não me posso queixar, porque tenho carro e desloco-me com facilidade. Mas não deixa de ser um serviço que é prático, útil e cómodo, e que gostava de continuar a usufruir.
Enfim. Sou eu que sou esquisita, não é? “Rapariga da cidade que vai viver para o campo, e que está agora armada em “saloia” para uns e “cheia de modernices” para outros”.
Ter espaço/tempo para estar sozinha, mesmo quando estou acompanhada. Desligar, e ser só eu.
Tarefa difícil, quando se tem uma criança pequena em casa. Mas agora já vai sendo possível. Mesmo que sejam só uns minutinhos, é tempo de “pura qualidade”.
Há um centro comercial na linha de Cascais (não vou referir nomes para não ferir susceptibilidades, mas é o mais antigo de todos), onde gosto muito de passear, sempre gostei. Gostos das lojas, gosto dos corredores amplos. Mas sem dúvida nenhuma, ao fim de semana de manhã, porque da parte da tarde, o caos instala-se.
Mas o assunto que vos trago, são as pessoas que por ali se passeiam. Sim,”há de tudo”, claro, como em todos os sítios. Mas há por ali uma espécie de gente, que me causa náuseas: aquela malta da linha, que se acha melhor que os outros todos - uns que falam alto como se fossem da barraca, mas todos vestidinhos a primor, e outros a falar muito baixinho, arrogantes como o raio, a não dar confiança a ninguém.
Relato agora as duas situações que observei:
Primeira situação: um grupo enorme (dois ou três casais, não percebi bem), como uma quantidade enorme de miúdos - os miúdos queriam levar coisas, e oiço uma delas a dizer “eu cedo sempre, para não os estar a aturar”, e depois em alto e bom som, falavam dos preços “escolhe outro” “nem penses que levo isso”, “não abras isso, já te disse, isto não é como o continente que vocês abrem tudo antes de chegar à caixa”, e os putos aos gritos, claro e a quererem abrir tudo. Afastam-se da zona, aparentemente para ir “á bilheteira, ver dos bilhetes para o disney on ice, e espectáculos para os miúdos” (há uma que ainda diz, “ah, eu vou ver se os consigo arranjar”);
Segunda situação: três crianças a brincar na zona infantil, na mesa de jogos, a rir, a conversar, nada de extraordinário - há uma quarta criança que vê e pede a mãe para também ali brincar; a mãe diz que sim, e fica a ver a loja por ali; de repente, o pai vê que a sua querida filha estava ao pé daquele grupo “barulhento” e chama-a para ao pé de si, não permitindo que ela se misture com a ralé.
E é isto. E gente a “pedinchar” nas lojas. Também se vê muito por ali.
Estávamos os três no carro e eu ía a contar ao pai, uma conversa que tínhamos tido as duas (diz que quer uma festa de aniversário de princesas e que possa pintar-se e mais não sei quê, esta miúda deixa-me velha num instante) e eu digo “não sei onde é que esta miúda vai buscar estas ideias”. Ao que ela diz “oh pá, à minha boca”
Quando abres muitos olhos depois de constares algo que achas que tens razão absoluta, e olhas para mim, cheia de altivez e dizes “vês mãe, eu disse…”, sinto um misto de sentimentos:
pirralha armada em esperta, respondona e refilona
Versus
que orgulho que sejas assim, a contestar e a fazer valer a tua opinião
Aquele momento em que ouves alguém (que estudou na mesma faculdade e ao mesmo tempo que tu), virar-se para uma docente e dizer “a professora não se lembra, mas foi minha professora há 20 anos”.
Oi. O quê? Como? 20 anos? Já passaram 20 anos? Eu iniciei o meu curso superior há 20 anos?
Não pode ser. Fiz as contas e percebi que não foi há 20, mas sim há 18.
Mesmo assim, a sério. O tempo passa, corre, e nós nem nos apercebemos.
Tenho dois gatos. Um, vai a toda a gente e para qualquer lado (acho até que se mudasse de família, ficava bem). O outro, esconde-se de toda a gente e reage muito mal às mudanças (seja ela de que tipo for).
Eu já tinha mudado de casa antes (com os gatos inclusive). E, relembrando a última, já sabia que não ia ser fácil (com o gato complicado). Na outra vez, experimentamos de tudo, incluindo medicação misturada em comida. Mas ele nem a comida comeu. E cada vez que percebia que nós o queríamos agarrar para pôr na caixa, fugia. Até que, a certa altura, nem sei onde fui buscar esta ideia, mandei-lhe um lençol para cima. Ele, assustado, parou e assim, consegui enrola-lo e pôr na caixa.
"Desta vez", pensei, "vai ser mais fácil". "É só fazer o mesmo". Mas qual quê - o gato fugia para todos os lados, percebeu logo o que se estava a passar. O meu stress também já era evidente, e ele com certeza sentia isso. Depois, peguei num lençol maior, encurralei-o num sítio e acabei por conseguir. E lá fomos nós. Depois é que vim buscar o outro.
O pânico do desconhecido dele é de tal ordem, que nas primeiras 48h nem vi o gato. Sempre escondido. Até que lá surgiu uma vez, no silêncio da noite, e passou toda a noite a miar. Sim, ninguém conseguiu dormir. Nas noites seguintes, igual. Mas foi diminuindo, e agora parece já tudo ter entrado nos eixos.
Foi mais uma “luta” que tivemos que travar. O que vale, é que acabamos sempre por rir destas peripécias.
A verdade é que nunca fui a “melhor amiga” de animais, mas por forças maiores, acabei por aceitar a presença destes dois lá em casa. E se, verdade seja dita, as vezes apetece-me “esquecer de fechar a porta”, o que é certo é que estes dois já fazem parte da nossa família. Até a M. ficou muita aflita a perguntar-me porque é que ele estava a miar assim. Quando ela ouviu o “miar normal”, diz ela, “olha mãe, ele já está habituado”. E sim, de facto, assim parece.
Eu: “A mãe percebe que tu estás com sono e que queres dormir mais um bocadinho, mas não podes fazer tanta barulho logo de manhã. Acordas os vizinhos todos”.
Miúda: “Está bem, mãe. Prometo que amanhã quando fizer birra, faço muito baixinho.”
Sozinha na casa nova, a acartar coisas do carro (as tralhas da miúda).
De repente, começo a ouvir um som que me fazia crer que ser uma sirene/alarme.
O meu coração deve ter parado. Percebi claramente que o som vinha de casa, mas não sabia de onde. O meu cérebro a mil, “tenho que descobrir o que é, tenho que descobrir o que é”, “vai rebentar…”
O som não parava.
Ás tantas percebo que vem do quarto da miúda. Pensei na luz de presença que eu já tinha ligado à tomada. Desliguei-a de imediato.
O som, continuava. Eu já completamente aflita.
Até que percebo. A m**** da sirene, vinha da guitarra do Panda, que não estava desligada, e quando tocou em alguma coisa começou a tocar. Só tive vontade de partir aquilo.