Este fim de semana, voltei a levantar-me cedinho com o objectivo de fazer uma corrida grande. Voltei a superar-me: 13,3 km.
Mas foi um treino cheio de aventuras.
Primeiro, tinha definido um percurso no mapa. No entanto, como nunca o tinha feito, acabei por ir parar a outro lado. De qualquer das formas, o percurso foi magnífico, pois a paisagem valia a pena. Ainda fiz um bocado fora de estrada e tudo.
Segundo, enquanto subia uma rampa bem puxadinha, passo por um senhor que estava a ir para a horta [pelo menos a indumentária e ferramentas que levava na mão, assim o indicavam. Ora esse senhor diz-me o quê? “Vai força, rapariga nova”. Acho que nunca mais me vou esquecer desta frase. Acho que vai ser a minha fonte inspiradora.
Terceiro, e mais assustador. Estava tão entretida com os meus pensamentos e de repente está um cão em cima de mim a ladrar intensamente. Tive mesmo de parar. Ele veio directo a mim. Recuava alguns centímetros e voltava a ladrar. As tantas, mordeu-me as calças. Fiquei mesmo assustada. O cão era pequeno, mas não recuava. Eu dizia “sai, sai”. Só passado uns 2 minutos é que oiço uma voz (que vinha de uma casa que tinha o portão aberto) a dizer “anda cá”. A sério, as pessoas fazem com cada coisa mais estúpida. Deixar os cães andar assim à solta, é um perigo tão grande. Bom, mas depois recuperei do susto e lá continuei.
E foi isto. Muito calor, também. Cara bem queimada, quando cheguei a casa.
Foi no final da década de 90, inícios dos anos 2000 que conheci estes senhores, no Curto Circuito da Sic Radical.
Eu era mais nova. Estes senhores eram também mais novos.
Mas faziam-me rir tanto nessa altura, como fazem agora.
Poderiam ter ficado agarrados aquele género: jovens tontinhos, a fazer malucadas - “gandas malucos”.
No entanto, não. Provaram que são bons naquilo que fazem. Cada um à sua maneira, com registos muito próprios. Com uma grande dose de loucura ainda. Mas também com um sentido crítico daquilo que os rodeia muito apurado, já antes e também agora. Profissionais que gostam genuinamente daquilo que fazem, e que o fazem muito bem feito.
De alguma forma, identifico-me com ela. [Com aquilo que escreve, claro, porque não a conheço]
Porque temos filhas da mesma idade e com paranoias semelhantes. Porque não é uma mãe obcecada em ser uma Super Mãe, mas sim uma mãe mulher amiga trabalhadora esposa. Preocupada, despreocupada, stressada, relax, passada, encantada. É isto que nós somos todos os dias.
Depois de contar a história à miúda sobre uns duendes mágicos que faziam tudo na aldeia para as pessoas durante a noite (limpar as ruas, fazer o pão para ajudar o padeiro, cortar a carne para ajudar o talhante, fazer as roupas para ajudar o alfaiate, etc…), pergunto-he:
“Também gostavas de ter um duende que quando tu tivesses a dormir, viesse aqui arrumar o teu quarto?”
“Sim”
“E que tratasse das tuas roupinhas?”
“Sim”
“E que preparasse o teu pequeno almoço?”
“Sim”
“Gostavas filha?"
“Sim”
“Mas tu tens filha. Sabes quem é?”
“Não” (já toda super entusiasmada a pensar em duendes e coisas mágicas)
“Sou eu, filha. Eu sou o teu duende”
[tivemos beicinho e cara muito zangada, só vos digo]
As vezes também sabe bem ser assim um bocadinho irritante, só naquela, para não serem sempre eles.
... nem sei. [Fantástico, energizante, meditativo]
Tenho andado com muita preguiça para me levantar da cama, o que faz com que corra menos, já que só corro de manhã (tirando uma vez ou outra ao fim de semana, que corro à tarde)
[Hoje olhei para o total do mês, e depois olhei para o objectivo que defini para este mês, e reparei que ainda falta mais de metade. Ups…]
Enfim, lá lutei contra a preguiça e levantei-me as 05h10. É cedo, eu sei, é por isso que tem sido tão difícil.
Para contrariar a monotonia, também resolvi fazer outro percurso [Isto pode funcionar como motivação extra]
O que é certo é que me acontece sempre o mesmo: resistência para levantar da cama, mas depois quando começo a correr, sabe tão bem.
Lá está: começar ainda de noite, ver o dia amanhecer, silêncio à minha volta… É tão bom, tão energizante.
A serra de Sintra acompanha-me durante todo o percurso, o Palácio da Pena lá em cima… Lindo.
Hoje foi isto.
Agora tenho que vencer a preguiça matinal e voltar à carga.
Sentimento de fúria ou desprezo, geralmente provocado por algo considerado ofensivo, injusto ou .incorreto. = AGASTAMENTO
[Por extensão] Ira, ódio, raiva.
"indignação", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,
Face às notícias que surgiram ontem por todo lado, sobre o vídeo partilhado nas redes sociais onde uma rapariga terá sido alegadamente violada num autocarro, com vários outros jovens (rapazes e raparigas) a assistirem e a incentivarem, este é o sentimento que me vai na alma.
Para ser mais precisa, aquilo que é referido no ponto 3 “Ira, ódio, raiva”
Por tudo e por todos. Pelo acto. Por quem fez. Por quem viu. Por quem publicou o vídeo. Por quem viu o vídeo. Por quem partilhou o vídeo.
Não consigo compreender. Juro que não consigo compreender. Como é possível tamanha barbaridade. Aliás, como é possível alguém ver uma coisa destas e achar engraçado, não considerar uma barbaridade.
Isto só dá vontade é de bater com a porta e ir embora. Desistir da humanidade. Mas não sendo possível, era pegar nesta gente toda e dar-lhes tantas, mas tantas chapadas. E ainda era pouco.
Enfim, olha. Nem consigo dizer nada de positivo e educativo. [Gentinha de m****]
Na vila lá perto da nossa aldeia, costuma andar um senhor a pedir “trocos”.
A miúda que já tem 4 anos, e que procura perceber tudo o que existe à sua volta, obviamente já percebeu e resolveu perguntar “porque anda aquele senhor a pedir trocos às pessoas”. O pai, respondeu-lhe que é porque ele não trabalha.
No outro dia, passávamos de carro e ela lá viu o senhor. E começa com toda uma conversa que eu me limitei a ouvir para ver onde ia dar. “Olha, lá está aquele senhor a pedir trocos as pessoas. Eu não entendo. A minha avó I. também não trabalha, e não anda na rua a ver se vê as pessoas para lhes pedir trocos. Por isso aquele senhor, não anda a pedir trocos. Aquele senhor anda a roubar os trocos às pessoas. Não está certo. Pois não, mãe”
Bom. Fiquei uns segundo em silêncio (espantada com a ligação que ela fez daquilo tudo). E depois disse que não, que não estava certo.
E depois expliquei-lhe que a avó não trabalhava, mas que tinha dinheiro para comprar comida, e que tinha uma casa. E que aquele senhor não tinha casa. Ela foi fazendo perguntas, e eu lá lhe fui explicando o que é ser um sem abrigo. Ela concluiu dizendo que aquilo era tudo muito mau e triste.
Para rematar a conversa, perguntou “e como é que o senhor faz a comida”. Respondo, “não faz, compra qualquer coisa no café ou no supermercado com as moedas que as pessoas lhe dão.” Ela: “não, vai a churrasqueira e compra um frango assado e arroz”. E assim, ela própria “apaziguou-se”. Acho esta capacidade das crianças, extraordinária.
Uma coisa que eu gosto muito muito muito é contrariar a tendência que todos (talvez mais todas) temos ao sábado de manhã: arrumar a casa.
Sim, eu sei que maior parte das pessoas começa o fim de semana a orientar a casa: é chão para aspirar, é pó para limpar, é roupa para lavar, é WC para limpar.
Mas o que eu adoro mesmo é acordar, olhar para aquela barafunda e pensar: “que se lixe”.
Sair. Passear. “Laurear a pevide”. Seja para o que for: cabeleireiro, tomar o pequeno almoço em algum lado, ir as compras ao supermercado, ir ao veterinário, ir ao jardim, ir a um centro comercial ver montras. Qualquer motivo é um excelente pretexto para começar o fim de semana fora de casa. Ver outras caras. Ouvir outras vozes. Ver outros sítios. Sair daquela rotina/percurso, casa, colégio, trabalho, colégio, casa.
E depois voltar só por volta da hora de almoço. E aí sim. Meter mãos à obra.
Isto é o suficiente para eu sentir que o fim de semana fica maior e que vai ser um espectáculo.
Durante esta corrida tive um momento à “Forrest Gump”.
Sai de casa cedinho (que é quando gosto de correr: pouca gente, poucos carros, pouco sol). A temperatura estava ideal. O sol ainda estava meio escondido. O vento soprava devagarinho. Condições ideais para fazer aquilo a que me tinha proposto.
A ideia será todas as semanas acrescentar mais km a minha distância. Ou seja, correr uma corrida grande por semana, em que deverei aumentar os km’s face a da semana anterior.
E assim foi.
Fui correndo, correndo. E quando ultrapassei o local até onde tinha ido a semana passada, continuei em frente. E continuei, continuei. Não me apetecia voltar para trás. Só correr, correr. O problema é que depois, tenho que fazer tudo de volta. Acabei por dar a volta por outro sítio, e lá voltei à estrada principal.
Corrida:12,0 km | Tempo em movimento: 1:28:33 | Ritmo: 7:22/Km
Foi uma distância maior. E mais tempo a correr. Mas cheguei bem ao fim. Ainda aguentaria mais um pouco, julgo.
Só quando parei é que comecei a sentir as dores, que foram obviamente aumentando ao longo do dia. Mas hoje, já está tudo OK.
[A continuar assim, julgo que vou fazer algo que nunca imaginei fazer. A ver vamos.]
Não poderia ficar sem falar sobre isto. Também eu vivi a noite de ontem com muita emoção. Em miúda via sempre o festival. E esperava ansiosamente pelo momento de ouvir 12 pontos para Portugal. Nunca acontecia. E eu ficava sempre triste. Com o passar dos anos fui perdendo o interesse. Deixei de ver. Nem conheço as ultimas que levamos. No entanto, este ano, li uma confusão qualquer sobre uma das musicas. Não a tinha ouvido, e não dei importancia à confusão das redes sociais. Num outro domingo, estava a fazer zapping e passei pela rtp. Parei. Completamente rendida, arrepiada com o que estava a ouvir, a ver e a sentir. Desde então fiquei fã. Adoro a letra, a melodia, a interpretação do Salvador cada vez que a canta. Por isso, este ano vi. E a emoção que senti quando ouvi logo de inicio os 12 pontos para Portugal foi explosiva. E desde ai, sempre em primeiro lugar. So podia. Tinha que ser. Obrigado "manos Sobral" por todas estas emoções. Inclusive pelas recordações que vieram a tona.