Estar de férias com uma miúda de 4 anos é isto… #01
“Mãe, quero comer alguma coisa”
Mais ou menos de meia em meia hora.
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“Mãe, quero comer alguma coisa”
Mais ou menos de meia em meia hora.
Finalmente
Em
Relax
Ilusório
Acalentando
Sossego
… fala, e logo de seguida pensa: “mas porque é que eu não fiquei caladinha?”
Há coisas que nos acontecem na vida que nos deixam de tal modo transtornados que nos recusamos a “absorver” as mesmas. Porque sabemos que se aquilo entra em nós, a exteriorização daquilo que sentimos será tão forte, tão esmagadora, que não sabemos se nos conseguimos levantar.
A questão é que, a recusa de absorção das mesmas, não é nada. Porque tudo está ali. Ao de cima. Á espera de conseguir entrar.
E depois vão surgindo momentos, estímulos, que abrem a porta e “aquilo” tenta entrar.
As alternativas são: fechar depressa, lidar momentaneamente com aquilo que acabou de entrar, mas selar logo, porque senão abre outra vez; ou, deixar logo entrar tudo de vez.
Por norma, recorro sempre à primeira. Acho sempre que não tenho “tempo” para lidar com as coisas. Preciso de me manter à superfície.
Não sei, sinceramente se isto é o mais saudável. Se isto é o mais certo. Sei que me tomam ou por fria e distante, ou por forte e cheia de mim.
Às vezes é uma coisa. Outras vezes é outra.
Mas neste momento, é um medo do caraças de lidar com esta treta.
Estávamos a jantar.
Começo a ouvir um barulho que me parecia chuva.
Digo para o meu marido: “Parece que está a chover”.
Ele ignora.
Olho para a janela, não vejo chuva.
Mas o barulho continua. Resolvo ignorar.
A campainha toca. Espreito e vejo que era a vizinha do lado.
“Que será agora”, penso eu.
Chego ao portão.
Torneira da rua aberta.
Quintal cheio de água. Rua cheia de água.
Diz a vizinha “Estava a ouvir um barulho estranho e não sabia de onde vinha. Vim cá fora e vi o seu cão debaixo da torneira, aberta”
Pois que este meu cão, abriu a torneira e estava a banhar-se…
Esparramada no sofá. Comando na mão.
Ora deitando sobre o lado esquerdo.
Ora deitando sobre o lado direito.
Ora a ver uma série.
Ora a ver um programa parvo no TLC.
Ora a ver programas de culinária.
Ora a fazer zapping sem parar.
Ora a ver um filme.
Ora demorar uns 30 minutos a procura de um filme para alugar e acabar por fazer as outras opções todas à vez.
Precisei de ir lavar o motor do carro.
Com algumas dificuldades acabei por encontrar um sítio.
Marquei por telefone. “Pode ser hoje às 18h?”
Resposta: “Ok, está marcado”
Eu: “E não precisa de nome, matricula, nada?"
Resposta: “Sim, sim, qual é o carro?”
Disse. E eu já a pensar “Isto vai ser bom…”
Lá fui.
E pronto. Enfim.
Chego lá. “Ah, sim sim… Ou não sei quantos, recolhe aí os dados da senhora”
E lá vem ele: caneta e folha branca.
Ele: “...” (Não percebi o que disse, pensei "deve ser o nome")
Digo, primeiro e último nome.
Ele: “Ah, basta o primeiro”
E fica a olhar para mim. Eu a olhar para ele.
Silêncio.
Até que ele diz: “O seu número de telefone?”
E foi só isto, a dita recolha de dados.
Aguardei na salinha de espera.
Dona para aqui. Dona para ali.
E no fim. “Pronto, dona já está.” Diz isto, enquanto levanta a camisola para lavar a cara e vejo as calças quase ao pé dos joelhos, e os boxers, claro.
“Quanto é?”, pergunto eu.
“20 euros.”
Adeus e obrigado.
Viver na aldeia também tem destas coisas.
Tendo em conta que os autocarros só passam ali 3 a 4 vezes ao dia, e apercebendo-me que uma senhora apanhava o dito às vezes às 7h15 para ir à localidade mais próxima, disse-lhe um dia destes:
“Se algum dia precisar de ir de manhã, em vez de apanhar a camioneta, venha connosco. Nós de caminho passamos sempre por lá, e sempre é uma viagem que poupa. Nós saímos por volta das 07h30. Fale connosco de véspera, que nós assim nesse dia já sabemos”
A senhora ficou muito agradecida.
Agora, com miúda e pai da miúda de férias, já não preciso de sair tão cedo de casa.
A semana passada, acordo um dia com a campainha.
Olho para o relógio: 06h35.
“Não posso”
Campainha toca outra vez.
Levanto-me.
Quem era?
A vizinha.
Diz a senhora: “Hoje pode levar-me?”
Respondo: “Sim, posso. Mas hoje vou mais tarde?”
Vizinha: “Mais tarde? A que horas?”
Eu: “Aí, por volta das 08h15”
Vizinha: “08h15? A camioneta passa as 07h15. Eu vou pensar. Se não estiver aqui é porque já fui”
Eu: “OK”
E voltei para a cama.
Fiquei despachada antes das 08h15. Mas tinha combinado com a senhora.
Aguardei no carro. Nada.
Eu já a pensar “Mas porquê que eu me meti nisto?”
08h16 arranquei com o carro.
Sozinha.
Chego à localidade vizinha.
Entro no café. Quem lá estava? Pois. Exato.
[Quem me manda a mim ser boa pessoa, simpática e prestável]
As férias ainda não estão cá.
Mas uns passeios ao fim de semana, são possíveis e sabem muito bem.
Este fim de semana foi isso: passeio, experiências, criar memórias.
Tempo de qualidade para os três.
Foi bom e recomenda-se.
… vai às compras para comprar uma coisa, e só depois de estar na caixa com tudo já pago, se lembra que não trouxe aquilo que tinha ido buscar?