Kit levantado. Domingo lá estarei. Meia maratona dos descobrimentos. É possivel que só termine os 21 km lá para o final do dia. Ou até que nem consiga chegar ao fim. Mas quero pelo menos experimentar. Quero muito fazer isto. Vamos ver como corre.
Apesar de durante a minha gravidez terem acontecido à minha volta coisas que à maior parte das pessoas não acontecem e das quais não vale a pena falar, eu tive uma gravidez muito tranquila.
Desconfiei que estava grávida apenas com um dia de atraso. Já andava a “tentar” a algum tempo, mas no dia certo, lá surgia o indicador de que ainda não era desta. Pelo que, assim que percebi que estava com atraso, fui á farmácia comprar um teste. A senhora da farmácia explicou que, havendo pouco atraso, o mais seguro era fazer com a 1ª urina da manhã. Eram 11h. Tinha que esperar para o dia seguinte.
Esperei.
Acordei no outro dia por volta das 5h. Levantei-me e fui à casa de banho. Deu positivo. A felicidade que senti foi igual à de muita gente, não preciso de a relatar.
Acordei o meu marido dizendo apenas: deu positivo.
Não foi fácil voltarmos a adormecer.
Como disse de início, a partir daí tudo tranquilo.
Apenas: enjoos durante todo o primeiro trimestre e muita azia no último trimestre. De resto, tudo tranquilo.
Fiz um barrigão enorme.
Ás 40 semanas, nada de criança. Fui ter com a médica às urgências alguns dias depois das 40 semanas, para me induzir o parto.
Lá estive o dia todo. Nada acontecia. Dilatação zero. Não vou contar os pormenores durante essas horas, porque para quem já passou pelo mesmo não é novidade e para quem ainda não passou, não interessa saber.
Às tantas decidem que tinha que ser cesariana. Já passava da meia noite quando entrei no bloco. Sozinha, sem o meu marido.
Ia cheia de medo. Sempre fui muito medricas. Nunca tinha sentido dor no verdadeiro sentido do termo. Pelo que ía mesmo em choque. Depois da epidural, lá acalmei e o médico fez o que tinha a fazer.
Quando vi a minha filha a sair de mim… Ainda hoje não consigo explicar muito bem todo aquele misto de sentimentos.
Mas lembro-me muito bem de de a estarem a limpar e vestir e eu estar a olhar para ela e dizia sem parar “ela é tão linda…”
Nasceu no dia 21 de dezembro de 2012. Foi o melhor presente que a vida me deu.
Ás vezes estou chateada com a vida, e com as partidas que esta me tem pregado. Irritada comigo, irritada com o meu marido, com as nossas coisas. Mas depois dá-me aqueles segundos em que penso “caramba, se nós conseguimos criar este ser é porque somos muito bons”.
Ela agarrou-se a mim. Eu agarrei-me a ela.
Eu....
Eu nunca mais fui a mesma desde que ela está por cá.
Procuramos sempre aquilo que nos faz feliz. Temos, na nossa história, as nossas memórias. Um cheiro que nos recorda algo, faz-me inspirar bem forte. Viver um hábito de alguém que nos fez tão feliz, relembra-me de quem sou. Cozinhar um prato que alguém fazia na perfeição, enche-me de saudade boa. Saber que esse prato vai fazer a minha miúda feliz, deixa-me tranquila e cheia de amor.
São 10h. Já fui com a miúda á pastelaria tomar o pequeno almoço (miminho especial para ela). Compramos bolachinhas para o lanche da manhã (que já foram). Fomos ao talho. (O senhor dividiu-me todas as doses já em sacos). Já arrumei a carne. Já pus roupa a lavar. Miúda está no quarto. Eu já no sofá: café e comando. Hum... "Sabe a conforto".