Serve a presente carta para fazer uma exposição contra algumas coisas que me estão a enervar um bocadinho.
Em primeiro lugar.
Arranje um telefone. E ande sempre com ele. O argumento que ao longo de quase 5 anos tenho vindo a utilizar com a minha filha “olha que eu ligo já ao Pai Natal…” já não está a surtir efeito pois ouço constantemente a resposta “o Pai Natal não tem telefone”. Por isso, é conveniente que passa a andar SEMPRE com um telemóvel consigo e que o mesmo seja VISÍVEL.
Segundo.
Quem é que o mandou confirmar diretamente com a miúda que ela vai receber um determinado presente??? Ela pediu-lhe UM. E o Sr. Pai Natal, disse que sim, sim senhora que já estava feito. E agora, como é que a pessoa descalça essa bota? [Por acaso, já descalcei, mas com muito esforço e pesquisa e imaginação. Quem tem que ter isso tudo é o Sr. Pai Natal, não eu]
Terceiro.
Faça qualquer coisa contra a publicidade de brinquedos no Natal. Peço-lhe por favor. Peço-lhe não. Exigo. A cada segundo, surge na cabeça da minha miúda um novo pedido. E depois eu vejo. E acho tudo tão giro, que por minha vontade vai tudo. A minha carteira é que não concorda nada.
Posto isto, a única forma de resolvermos estes litígios e eu não fazer queixa formal contra si é compensar-me. Sim, sim. Compensar-ME. E como? Segue abaixo uma lista de coisinhas que eu gostaria de receber ou que simplesmente acontecessem na minha vidinha. OK?
Roupa, Calçado e Acessórios. Eu sei que o Pai Natal conhece os meus gostos, por isso veja lá o que encontra por aí prontinho para me entregar.
Diminua a intensidade e ocorrência das birras da minha cria.
Faça o meu marido entender que eu não sou chatinha, eu faço é questão que tudo decorra conforme o planeado.
Elimine as pessoas chatas que andam à minha beira.
Dê-me discernimento para rir das coisinhas que me vão aparecendo e força muita força para lidar com outras tantas.
Mantenha aqueles de quem gosto felizes.
Aproxime-me mais e cada vez mais, de quem me traz conforto e me faz sentir EU.
Relembra-me TODOS OS DIAS, aquilo que é importante e abana-me quando estou a dar importância a coisas sem importância.
Acima de tudo, ajuda-me a manter a magia destes dias no brilho dos olhos da minha filha. Não me deixes perder a paciência e ir na onda daquilo que não me está a agradar. Tenho a certeza que isso fará de mim uma melhor pessoa [E só por isso, só por isso, não levarei as minhas queixas ao mais alto nível.]
[Não me lembro bem da nossa idade. Talvez eu pouco mais de 10 e ela menos 5]
Escrevia eu,
Um Natal, íamos a passear num centro comercial lá perto da nossa casa (as duas sozinhas, que isto antigamente podia andar-se a passear assim sem adultos) e o "Pai Natal" deu-nos rebuçados.
Não comi.
Não deixei a minha irmã comer.
"Porquê?", dizia ela.
"Porque não se aceita coisas de estranhos", respondo eu.
Apesar de não gostar nada. O erro dói sempre muito.
É a única forma de viver a vida e andar para a frente.
No entanto...
Irrita-me que tenha que recorrer a ele tantas vezes.
Ás vezes gostava de não dar importância a coisinhas que me vão acontecendo.
Mas dou. Dou sempre.
O que depois acontece, é que a vida rapidamente me obriga a viver, tenho que dizer para mim mesma [e muitas vezes ALTO, ainda que não necessariamente por estas palavras] "Hakuna Matata".