O destino, isso a que damos o nome de destino, como todas as coisas deste mundo, não conhece a linha recta. O nosso grande engano, devido ao costume que temos de tudo explicar retrospectivamente em função de um resultado final, portanto conhecido, é imaginar o destino como uma flecha apontada directamente a um alvo que, por assim dizer, a estivesse esperando desde o princípio, sem se mover. Ora, pelo contrário, o destino hesita muitíssimo, tem dúvidas, leva tempo a decidir-se. Tanto assim que antes de converter Rimbaud em traficante de armas e marfim em Africa, o obrigou a ser poeta em Paris.
José Saramago, in 'Cadernos de Lanzarote (1994)'
Verdade.
Eu só não acho certo, é o destino fazer de nós tontos.
Andamos as voltas, as voltas.
Tantas vezes damos uma volta enorme, para chegar a um sítio tão perto.
"Trago em mim, todos os sonhos do mundo". Fernando Pessoa.
"Não sei por onde vou. Só sei que não vou por aí." José Régio.
"Sei que o melhor de mim, está por chegar". Mariza
"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos." José Saramago
"Tu não és para mim senão uma pessoa inteiramente igual a cem mil outras pessoas. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo..." Antoine de Saint-Exupéry
E toda a letra desta música.
Hall of Fame
"Yeah, You could be the greatest You can be the best You can be the King Kong banging on your chest
You could beat the world You could beat the war You could talk to God, go banging on his door
You can throw your hands up You can beat the clock You can move a mountain You can break rocks You can be a master Don't wait for luck Dedicate yourself and you gon' find yourself
Standing in the hall of fame (yeah) And the world's gonna know your name (yeah) 'Cause you burn with the brightest flame (yeah) And the world's gonna know your name (yeah) And you'll be on the walls of the hall of fame
You can go the distance You can run the mile You can walk straight through hell with a smile
You could be the hero You could get the gold Breaking all…"
Quando pego no casaco para sair do carro, sinto que as chaves de casa me caem do bolso.
Deixei ficar. Não tinha tempo. "Estão no carro, é o que interessa".
Mas, quis a prudência que me é característica que eu fosse tratar disso à hora de almoço.
E lá fui.
15 minutos.
De lanterna do telemóvel, à procura.
Mete bancos para a frente.
Mete bancos para trás.
Nada.
Levanta tapetes.
Encontro uma série de lixo. Encontro outras chaves que andavam perdidas.
De casa, nada.
Ponho-me de joelhos no chão, "não vá ter caído para fora do carro".
Nada.
Já passada.
Desisti.
Pensei, "bom, deve estar no carro".
"Pelo sim, pelo não, vou à recepção ver se alguém lá deixou umas chaves."
Entro no carro. Ponho o banco no sítio.
E vejo as chaves.
Por cima do volante.
Como é que é possível?!?!?!?!?
"Caíram para cima"
[Com isto ainda consegui registar o nº de quilómetros que o carro tem, coisa que o marido estava sempre a perguntar. É novo, não é? E sim, está sujo, muito sujo]
Cá dentro. Silêncio. Conforto do café quente e do cheiro a canela.
Só que não.
Isso era o que eu queria.
O despertador tocou as 06h10. Mas fui suspendendo até as 06h45.
Já tarde. Vai de tomar banho à pressa. Preparar marmita. Preparar pequeno almoço. Acordar a miúda. Tomar o pequeno-almoço e sair de casa. Pelo caminho ainda tive que dar de comer a um cão e dois gatos.
Chego ao trabalho, e uma paisagem linda de nevoeiro a envolver o local. Penso, quero uma foto. É tão belo, isto é mesmo de apreciar.
Só que não, outra vez. Já estou em cima da hora. Mexe-te mas é.
E é isto.
Como seguir o "carpe diem"?
[A foto não é minha. Não houve tempo para isso. É do google mesmo.]