No fundo, sinto que a minha vida é sempre governada por uma fé que já não tenho. A fé tem isto em particular: mesmo quando desaparece, continua a agir.
Saí mais cedo para poder estar presente numa atividade que ia decorrer na escola da miúda. O pai não conseguia. Para mim também era difícil, mas como me fez confusão a ideia de ela não ter lá nenhum de nós, lá me consegui organizar para ir.
Pois que na volta para casa, a miúda diz: "Os pais têm muito trabalho, e as mães não. Foi por isso que o pai não foi e tu foste"
Perante isto eu:
A) Fiquei toda inchada e pensei menina bonita, sabe que a mamã está a fazer o papel dela e o papá o papel dele. Pois toda a gente sabe que os homens é que têm que trabalhar a séria.
B) Passei-me da marmita e comecei a disparatar com a miúda, que ela era uma ingrata e que eu também farto-me de trabalhar.
C) Chorei silenciosamente, para não ferir a miúda mas fiquei muito triste com o comentário.
D) Dei-lhe ali de imediato uma lição sobre igualdade de género. Era o que mais faltava.
E) Expliquei que o trabalho que eu deveria ter ficado a fazer mas não fiz para poder ficar com ela, teria que fazer à noite depois de ela se deitar.
Mas não apenas uma viagem turística. O ideal é ficar por lá umas duas semanas, para poder conhecer os sitios mais turísticos, mas também viver as cidades como se fosse habitante.
A saber:
Berlim;
Rio de Janeiro;
Amesterdão.
Para além disso, existem outras coisas que eu também gostava (mas que parecem assim muito dificeis de conseguir).
Fazer compras nos Champs Elysées, sem limite de valor.
Passar uma semana, num hotel com SPA a fazer massagens de relaxamento e tratamentos de beleza.
Consultar um fashion adviser para me dizer qual o corte e cor de cabelo e roupa mais adequados para mim, de acordo com o meu estilo [e ter dinheiro para depois poder fazer tudo o que me dissessem].
Ter uma biblioteca na minha própria casa [no fundo, bastava-me um cantinho ao pé de uma janela com uma cadeirão confortável, um candeeiro e uma estante enorme cheia de livros que eu goste].
Nuca tinha ouvido esta música "com ouvidos de ouvir".
Foi hoje.
Um retrato tão exato do que é a vida.
A principio é simples, anda-se sózinho Passa-se nas ruas bem devagarinho Está-se bem no silêncio e no borborinho Bebe-se as certezas num copo de vinho E vem-nos à memória uma frase batida Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo Dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo Diz-se do passado, que está moribundo Bebe-se o alento num copo sem fundo E vem-nos à memória uma frase batida Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E é então que amigos nos oferecem leito Entra-se cansado e sai-se refeito Luta-se por tudo o que se leva a peito Bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito E vem-nos à memória uma frase batida Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja Olha-se para dentro e já pouco sobeja Pede-se o descanso, por curto que seja Apagam-se dúvidas num mar de cerveja E vem-nos à memória uma frase batida Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Enfim duma escolha faz-se um desafio Enfrenta-se a vida de fio a pavio Navega-se sem mar, sem vela ou navio Bebe-se a coragem até dum copo vazio E vem-nos à memória uma frase batida Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E entretanto o tempo fez cinza da brasa E outra maré cheia virá da maré vaza Nasce um novo dia e no braço outra asa Brinda-se aos amores com o vinho da casa E vem-nos à memória uma frase batida Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.