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Cá coisas minhas

Este é o meu blog. Um blog generalista, onde falo sobre as minhas coisas. As coisas que me vêm à cabeça.

Cá coisas minhas

Este é o meu blog. Um blog generalista, onde falo sobre as minhas coisas. As coisas que me vêm à cabeça.

21
Nov18

Toquinho | Aquarela

 

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo 
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva, 
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva.
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel, 
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul, 
Vou com ela, viajando, Havai, Pequim ou Istambul. 
Pinto um barco a vela branco, navegando, é tanto céu e mar num beijo azul.
Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená. 
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar.
Basta imaginar e ele está partindo, sereno, indo, 
E se a gente quiser ele vai pousar.
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida 
Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida.
De uma América a outra consigo passar num segundo,
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo.
Um menino caminha e caminhando chega no muro 
E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está. 
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar,
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar.
Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar.
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá.
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. 
Vamos todos numa linda passarela 
De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá).
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá).
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (que descolorirá).
Compositores: Antonio Pecci Filho Toquinho / Vinicius De Moraes

 

[Que delícia de música. Um quentinho no coração. Tantas verdades.]

02
Nov18

Já vivi uma relação abusiva

Há muito tempo que não escrevo nada na rúbrica "sobre mim".

Ando com este tema em "banho maria" há já algum tempo.

Decidi finalmente falar sobre ele.

 

Em 2004 conheci uma pessoa.

Apaixonei-me.

Ele revelava ter encontrado a mulher que sempre sonhou.

Ele já tinha tido algumas relações falhadas.

Eu sentia-me única e especial.

Era comigo que tudo ia correr bem.

 

Fui integrada na sua família.

Apresentada a todos.

Sentia-me mesmo especial.

Fazíamos planos para o futuro.

Tudo parecia perfeito.

 

Foi apresentado aos meus amigos.

Falei-lhe de alguns amigos.

Ele começou a dar-me algumas "dicas".

Eu percebi que ele se sentia desconfortável com algumas pessoas com quem eu lidava.

Não eram pessoas importantes para mim, por isso afastei-me.

 

Ele não gostava da minha actividade profissional.

A mim, irritava-me a instabilidade da minha actividade profissional.

Havia coisas que eu não gostava.

E ele não gostava que eu me desse com tanta gente.

Não era pessoas importantes para mim, por isso afastei-me.

 

Tinha colegas da faculdade que me ligavam às vezes.

Eu mal falava com eles.

Ele ficava chateado. 

Não era pessoas importantes para mim, por isso mudei o n.º de telemóvel e não lhes dei o n.º novo.

 

Eu tinha amigos que já conhecia há muitos anos.

Pessoas de quem gostava muito.

Ele não gostava deles. Não se sentia a vontade com eles.

Eram pessoas importantes para mim, mas eu afastei-me.

 

Os "conhecidos" e "desconhecidos" que se cruzavam comigo no dia a dia.

Eram fonte de stress e desconfiança.

Saia do trabalho e ia a correr para casa.

E ligava-lhe quando chegava a casa, do telefone fixo.

Ficava ansiosa quando havia atrasos no trânsito. E informava pelo tlm quando a camioneta se atrasava.

 

Deixei de ter tempos livres.

Conversas com outros.

Passava o meu tempo com ele, ou a trabalhar (sem falar com ninguém, não fosse ele descobrir em alguma conversa minha).

Em casa, ficava a espera da hora que ele viesse ter comigo.

 

Deixei de ser uma pessoa interessante.

Não tinha nada para conversar.

Não sabia o que conversar com ele, pois tinha sempre receio das suas interpretações.

Eu só queria que nós tivéssemos bem.

E fazia tudo por isso.

Ouvia-o.

Mas como não tinha nada para dizer, passei a ser acusada de sem interesse, sem ambições, sem vontades.

Eu só queria estar bem com ele.

 

Pensamos em ir viver juntos.

Iniciamos um processo de compra de casa.

Eu pensei que quando passássemos a viver juntos, ele iria ver que eu era transparente, séria, e não haveria motivos para ele desconfiar de mim.

Ele gostava tanto de mim. Era por isso que ele agia assim.

 

Só que não.

E eu sabia que não.

Eu sempre soube que isto não era correcto.

Mas eu não conseguia ir contra isso.

Arranjava sempre desculpas na minha cabeça.

E nunca contei nada a ninguém.

 

Durante 4 anos, sofri numa relação abusiva.

Não houve violência física.

Mas psicológica.

Eu estava arrasada enquanto pessoa.

E caminhava lentamente para o abismo.

 

Surpreendentemente, foi ele que acabou tudo.

Um dia encontrou outra e quis dar um tempo.

O que levou ao fim da relação.

 

Fiquei de rastos.

Ainda "rastejei" mesmo por ele.

Até descobrir que havia a outra.

Aí recuperei todo o meu amor próprio e tomei outra vez rédeas da minha vida.

 

Demorei muito a decidir escrever este post.

Demorei muitos anos a encarar sem vergonha esta estupidez em que estive metida.

 

Hoje tenho uma relação saudável, com o meu marido e pai da minha filha.

Sei bem quais os limites.

E estou tranquila com a minha vida em casal.

Confio.

E sei que é recíproco.

 

Não vou dizer o cliché "aprende-se com os erros".

Porque eu NUNCA deveria ter vivido isto.

 

Se o partilho neste momento, é para que fique claro que ISTO NÃO É NORMAL.

Conhecer alguém, passar a partilhar a vida com a nova pessoa, não implica que essa pessoa mande na nossa vida.

Porque é que eu permiti que isto acontecesse?

Não sei.

Foi aos poucos.

Ao princípio porque até não achava nada de muito mau.

Ás tantas, porque não tinha mais nada na vida a não ser ele e portanto não o queria perder. 

 

Sempre fui uma pessoa "cheia de mim".

Decidida.

Com mau feitio.

Autoritária até.

Por isso, sei que esta realidade toda vai surpreender muita gente.

 

Mas vivia-a.

Durante 4 anos, deixei de ser quem era (e quem sou) e observava esta miúda/mulher com um misto de pena e raiva.

 

As relações abusivas são isto mesmo.

Ás tantas percebemos que não está certo.

Mas já não se sabe como voltar atrás.

Acabar com aquilo.

 

[Se estás em alguma situação destas, sai disso enquanto é tempo.]

 

 

02
Nov18

Nem sei o que chame a isto

Há cerca de duas semanas que a miúda se anda a queixar de dores nos dentes da frente (em baixo).

Na terça-feira, descobrimos que tinha um dente a abanar.

Julguei que fosse isso.

Na 4ª feira de manhã vi: tem um dente a nascer por trás. Ainda antes de qualquer um cair.

 

E de repento, apercebo-me: esta miúda está mesmo a crescer.

Senti assim um encontrão, um acordar para a realidade.

Ainda agora tinha os dentes de leite a nascer.

E agora já tem os definitivos a nascer.

 

Ok.

Eu sei que isto pode parecer tudo assim um bocado esquisito.

Podem dizer: "Então, estás a espera de quê? Os anos têm passado."

Pois é. É verdade sim.

Mas eu é que não tinha visto bem isso tudo.

Encarei todas as fases de forma natural. É o tempo a passar e ela a crescer.

 

Mas agora tomo consciência, que a minha pequenina está mesmo a ficar crescida.

E isso é algo... Nem sei bem.

Alguns diriam nostálgico.

 

O que eu senti foi assim uma espécie de "buhhhh, acorda".

 

Enfim... Coisas minhas.