Hoje venho contar-vos sobre a adaptação das miúdas as escolas novas.
A Marta tem 3 anos e foi para o jardim de infância. Logo na reunião de inicio de ano letivo fiquei estupefacta quando percebi que na sala dela seriam só 8 crianças – entre os 3 e os 4 anos. Gostei da escola, tem ótimas condições e também gostei da educadora e da auxiliar. A educadora disse-me logo que se ela quisesse dormir a sesta, poderia dormir. E de facto, só há cerca de 1 semana é que foi deixando de querer dormir. Está perfeitamente enturmada. Apesar do horário de jardim de infância ser das 9h30 às 15h30, eu solicitei o prolongamento de horário. De manhã, é a primeira a entrar na escola e sente-se rainha e senhora do local. Entre as 15h30 e as 17h00 fica com a auxiliar também só para ela. E depois, momento alto do dia, brincar com os mais crescidos. Se calha ir busca-la logo a seguir as 17h00, sai de lá a chorar pois a brincadeira ainda está em falta. Concluindo: perfeitamente integrada.
A Maria foi para o 5º ano. Se só isso, já é uma mudança e tanto, imaginem numa nova localidade, longe de todos os amigos. Não tem sido fácil. Aos poucos vai ficando melhor. “Sinto-me uma novata e que todos gozam comigo”. “Sinto que todos têm alguém com quem andar e eu ando sempre sozinha”. Tem tido algumas confusões com outras meninas – parte da idade, parte de se sentir “a parte”. Já reuni com o diretor de turma. Tenho estado em contacto com as outras mães. Tenho tido muitas conversas com ela. Muitos conselhos. Temos que ter calma, ir gerindo. Entretanto começou a ir de autocarro para casa ao final do dia, visto que uma das vizinhas também vai. Está a perceber que não precisa de mudar para estar bem. Tem que se manter dentro daquilo que ela é. Viver um momento de cada vez. Assim tem estado mais para o pensamento positivo. As notas não têm sido nada más. Contudo, passamos longos momentos as duas de volta da matemática. O 1º período está a acabar, e a meu ver, correu muito melhor do que eu imaginava. O 2º será certamente melhor.
Quando vimos o anúncio, gostámos. Mas eu estava muito na dúvida, por ser longe.
Depois fomos lá.
E gostámos ainda mais.
Comecei a ver de escolas.
E acabamos por fazer uma contra proposta.
Foi aceite.
E toda uma aventura começou.
Quando finalmente as chaves vieram para as nossas mãos, a vizinhança começou a aparecer.
Primeiro só com o meu marido. Eu poucas vezes lá estava.
Mas assim que comecei a ir para lá, comecei a conhecer as pessoas.
E eu, que nem sou nada destas coisas, tenho a dizer-vos que estou muito bem acompanhada.
São sete casas. Não mais. Num único passeio consegui logo identificar quem mora onde.
Duas dessas casas têm crianças. Da idade das minhas.
Logo no dia da mudança fomos recebidos com bolinhos, ovos caseiros, batatas, maçãs. Já recebi ofertas de carne também. E de espinafres e repolhos. E mais bolinhos.
As miúdas brincam na rua e nas casas umas das outras.
Mas não é só no Lugar onde vivo.
A povoação mais abaixo é totalmente incrível. A sede da freguesia.
Os pais das crianças que andam lá na escola, conhecem-se todos. Organizamos na escola uma feira de São Martinho aberta a toda a comunidade. E agora estamos, nós pais, a preparar a festa de Natal. Os ensaios têm sido hilariantes.
Ai... Tenho tantas coisas novas para vos contar, mas não tenho conseguido pôr por escrito tudo que têm sido os últimos dias.
Já estamos na casa nova.
Mas demorou mais do que pensávamos.
As miúdas iniciaram o ano letivo. Eu comecei o novo trabalho. E a casa ainda não estava pronta. Andamos um mês à fazer cerca de 200 km por dia.
Tantas voltas e reviravoltas. E a e-redes até nunca mais nos ligava a luz.
Mas conseguimos.
Assim que a luz chegou viemos. Acampamos uns dias.
E algures a meio de outubro lá fizemos a mudança. O resto do mês ainda foi confuso. Muita coisa ainda para resolver e "despejar" da outra casa.
Mas este novembro que está a acabar tem sido delicioso. Estou num sítio mesmo mesmo bom. A felicidade que esta comunidade me traz até é estranha em mim, que sou uma anti-social.