Gosto das manhãs de sábado. Preparar o pequeno-almoço. Toma-lo com calma. Abrir as janelas. Deixar o ar entrar. Vestir. Beber um café. Sem a pressa do corre corre da semana. Sem olhar para o relógio. Hoje o dia amanheceu cinzento aqui na serra. Já sabem, ainda gosto mais. Um convite à recolha no meu cantinho.
A escrita para mim é um exercício de libertação. Gosto de escrever, sempre gostei. Escrevo sem tema. Escrevo sobre os meus dias. Escrevo como desabafo. As minhas constatações. As minhas reflexões. As vezes preciso tanto de escrever, mas não me sai nada. Então começo a escrever sobre o meu dia. As palavras vão fluindo e eu sinto que relaxo.
Tenho este blog há cerca de 8 anos. Já muito escrevi aqui sobre mim, sobre os meus dias, as minhas opiniões e outras tantas coisas. Chego a estar meses sem o fazer. Eu escrevo para mim. Mas o que é certo é que cada vez maus, vou recebendo maior carinho às minhas palavras. E isso deixa-me feliz.
Escrevi muito sobre as peripécias da M. maior. Com a M. segunda, as peripécias também surgem, mas já não são bem uma novidade. Ser mãe de uma adolescente está a ser mais difícil do que imaginava. E ainda agora começou.
Têm "chegado" pessoas novas ao blog, e outras tantas estão cá desde o início.
Continuarei a escrever sobretudo para mim, mas muito grata por saber que as minhas palavras chegam até vós, ao ponto de regressarem.
Viver a vida na verdade. Na nossa verdade, nunca esquecendo que a nossa verdade, não é a verdade absoluta.
Ser do "Ser" em vez do "Parecer".
Agir porque se sente e não porque se é visto.
Fazer porque se quer, e não para mostrar aos outros que se faz.
Vivo esta verdade desde que lembro de ser gente.
Sempre me comparei aos outros. Não sou hipócrita para o negar. Contudo, aquilo de que mais orgulho foi de nunca querer ser o que não sou.
Tudo o que faço, faço porque o sinto.
As vezes visto uma capa. Aquilo que eu chamo capa de proteção. Cubro-me dessa capa temporariamente e fico onde tenho que estar. Essa capa não é para me camuflar. As vezes é uma barreira, para não transparecer as minhas emoções, outras vezes um escudo, para não deixar as emoções dos outros me afectarem.
Presente estou sempre.
Mas é essa presença consciente que me faz decidir o modo como quero estar.
Participei na Procissão do Senhor dos Passos da minha aldeia.
Voltei a ir em peregrinação a Fatima.
A Marta fez 5 anos.
Foi um ano de subidas e descidas.
De descobertas e incertezas.
De muitas lágrimas, mas muitas mais gargalhadas.
O saldo é positivo. Todos os dias esforço-me por isso. Sempre que a dor surge. Sempre que o obstáculo se levanta. Sempre que o céu fica negro. São as minhas filhas, as lembranças das minhas conquistas, a minha fé, as gargalhadas com as minhas amigas, as memórias com os meus irmãos, a força da minha mãe, as saudades de quem ja partiu, as chamadas de atenção de quem gosta de mim, que são o meu analgésico, a minha escada, e o meu sol.
É como diz a Carolina Deslandes, "Como é linda e caótica a luta da vida amor. Vê lá bem a nossa sorte. Vê lá bem o nosso azar".
"Tem um dia feliz", dizem todos hoje.
Sem qualquer esforço, fiz por isso.
Pois que todos os dias destes 44 me lembrem que é na simplicidade do dia, que está a minha maior alegria. É na minha força, que tudo se mantém. E que nunca, mas nunca, eu esqueça de onde venho, do caminho que fiz, e que me lembre sempre, todos os dias, da direção certa.
Acreditar. Amar.
Sempre.
Obrigado a todos que me amam. E que fique aqui bem claro, porque o meu mau feitio nem sempre o revela: GOSTO MUITO DE VOCÊS!