Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Cá coisas minhas

Este é o meu blog. Um blog generalista, onde falo sobre as minhas coisas. As coisas que me vêm à cabeça.

Cá coisas minhas

Este é o meu blog. Um blog generalista, onde falo sobre as minhas coisas. As coisas que me vêm à cabeça.

10
Fev17

Ana

Ana. Era o seu nome. Menina Ana para alguns, D. Ana para outros. Baixinha, mesmo nunca o admitindo. Era mais alta do que a Amália Rodrigues, dizia ela. Uma mulher forte. Grande. Mexida. Decidida. Cheia de vida. Os anos foram lhe tirando a vista, a locomoção, a memória. Mas deixou tantas memórias. Desde que me lembro de mim, que me lembro dela. Dos mimos. Dos dias que não me deixava ir para o largo, porque eu ainda não tinha limpo o pó. Dos cheiros da cozinha. Da mesa branca da cozinha, onde ela esticava a massa dos rissóis. Dela sentada num banco pequenino a fritar as filhoses num fogão de campismo. Dos pequenos almoços na cama, quando eu fingia estar a dormir, só para que ela lá fosse levar as torradas e a caneca de café. Do cheiro do café de cafeteira, acabado de fazer. Das noites em que eu fugia para a cama dela, quando havia trovoadas. Dos dias em que ela amuava comigo porque eu queria ir dormir a casa dos meus pais. Dos dias em que ela fazia batatas fritas [nunca mais comi batatas fritas assim]. Do abraço que lhe dei [que ela me deu] no dia em que depois da benção das fitas, fui ter com ela [ela já estava acamada, e aquele abraço, aquele reconhecimento, era o que eu mais queria]. Ana. A minha avó. A pessoa que mais impacto teve no meu ser, na minha essência.

 

5 comentários

Comentar post