Estranhos que mexem connosco
Hoje a manhã correu muito bem com as miúdas.
Sem confusões, stress, nem discussões do tipo "DESPACHA-TE".
Saímos de casa mais cedo.
Rimos no carro.
Tudo óptimo.
No entanto, ao chegar à creche da mais nova vi algo que me deixou com o coração apertado.
Estacionei ao lado de um carro.
E apercebo-me que no banco do condutor está uma mulher a chorar muito. E no banco de traz, numa cadeirinha de criança, uma criança ainda pequena, também a chorar. E ouço a mãe (julgo eu que fosse a mãe) a dizer "já chega".
Aquilo mexeu comigo.
Não sei porque a senhora chorava. Porque estava a ter um colapso porque o filho não parava de chorar? Porque recebeu uma noticia má? Porque teve um início de manhã muito complicado? Não sei, não faço ideia. Nós não sabemos o que se passa na vida das outras pessoas. E também (muitas vezes) não há nada que possamos fazer. Não me pareceu oportuno perguntar se podia ajudar. Nunca tinha visto aquela senhora, e lá está não sabia o motivo. E não sabia qual seria a reacção.
Sei que quando estava a sair da creche, ela já estava a entrar com a criança ao colo. Tinham ambos a cara transtornada. De quem estava há muito tempo a chorar. Ao menos sei que aquela criança ficou ali. E pelo menos, por umas horas, estará "longe" daquele sufoco, daquele ambiente tão pesado que fez os dois chorar desalmadamente.
Nenhuma das minhas filhas se apercebeu da cena que vi. Felizmente.
E hoje, mais do que nunca, aquece-me o coração cada vez que recordo o sorriso delas e a boa disposição que me proporcionaram logo pela manhã.