Mexe-te. Está quieta. Mexe-te.
Chego a um determinado sítio para ir correr e avisto um outro local, aparentemente junto ao rio. Volto a ir para o carro, pois penso, ali é mais agradável para treinar. Vou. Estaciono. E reparo que, afinal, o rio ainda está lá muito ao longe. Decido ficar por ali na mesma. Não vou mudar de sítio outra vez. Saio do carro. Começo a andar. Vejo um rapaz a dar um murro na barriga de uma rapariga. Fico sem saber o que fazer. Continuo a andar. Reparo que estou num bairro social. Hesito entre continuar ou voltar para o carro. Reparo que um conjunto de jovens começam a olhar uns para os outros e para mim. Resolvo voltar para o carro. E começo a andar, para não dar muito nas vistas. Reparo que eles estão a vir atrás de mim. Começo a andar cada vez mais depressa. Só quero chegar ao carro. E eles cada vez mais perto.
E eu acordo.
E só penso, num misto ainda de sentimentos entre o real e aquilo que estava a decorrer enquanto dormia: Caramba, ainda bem que acordei. Se não acordasse eles apanhavam-me mesmo. Desta vez não me escapava. Esta minha mania de me pôr em sítios estranhos, desta vez corria mal.
E depois acordei mesmo e vi que era apenas um pesadelo. Acalmei-me.
Um sonho/pesadelo parvo, sem dúvida. Porque nem é costume pegar no carro e ir correr para onde quer que seja.
[Mas é verdade que já dei por mim em sítios muito estranhos e em situações que enfim...]
Comento este sonho com o meu homem, e ele diz: “Moral da história: tens que treinar, porque se corresses mais depressa, eles não te apanhavam”.
E é isto.
Eu tenho para mim que isto são as minhas vozinhas interiores a falarem comigo:
Vai correr.
Deixa-te estar.
Vai correr.
Mas está frio.
Vai correr.
Mas está escuro.
Estás gorda.
Pois estás.
Vai correr.
Se calhar devias fazer qualquer coisa.